domingo, 24 de agosto de 2008

Gracinhas do meu neto Lourenço...


Para as avós todos os netos são especiais de corrida, mas não resisto a contar o que aconteceu ontem com o meu neto.
Fui ontem à tarde a casa da minha filha L.para ficar com os netos à noite enquanto eles iam sair.
No quarto dele enquanto o vigiava, foi até à janela, subiu para a cama da prima olhou com muita atenção e depois chamou-me:
-avó anda,lindas...nuvens puma...
Aproximei-me curiosa e o que era afinal- um espectáculo realmente lindo de nuvens baixas, muito brancas sobre o fundo azul, parecendo realmente espuma de sabão.
Já em várias ocasiões,
desde muito pequenino, verificámos a sensibilidade deste menino pela natureza .Antes eram festinhas nas árvores e plantas.Agora que com 2 anos e meio já fala ,as árvores, as flores, as nuvens, a lua especialmente, o sol, são como ele diz: -amigo do louênço.(Anda a aprender o masculino e feminino das palavras e ainda se engana).
Talvez a muita atenção que dedica a tudo que lhe ensinamos seja o motivo de tão cedo perceber conceitos abtractos e não ser um mero papagaio.Ele faz as comparações espontâneamente e é isso que o torna tão especial.
Como vem todos os dias para minha casa, enquanto está de férias da creche tenho novamente a oportunidade de o acompanhar no dia a dia, o que me faz muito feliz e me permite acompanhar o seu crescimento.

sábado, 16 de agosto de 2008

Baú de Recordações - O Liceu Maria Amália ou as professoras que me marcaram....

Para nós era o Maria Amália, mas no tempo da minha filha A. nem isso, passou a "O Maria".Creio que o actual nome é Escola Secundária de Maria Amália Vaz de Carvalho. Por causa dele após fazer a Admissão ao Liceu (foto abaixo), estive 2 anos ainda em Benfica no mesmo colégio , fui de armas e bagagens para nova casa na rua do liceu, dois quarteirões abaixo, onde vivi 54 anos.Tinha 12 anos na altura e foi uma grande mudança na minha vida.
Ali era a cidade pura e crua, Benfica na altura era zona de moradias, campos e jardins, embora onde eu fui morar tinha o Parque Eduardo VII, e o Jardim das Amoreiras a igual distância, mas não era a mesma coisa.A própria casa era diferente , era um andar alugado, deixei de ter quintal e terraço a jeito, ganhei 8 assoalhadas, que muito jeito me deram quando mais tarde tive os meus 6 filhos e netos. Noutra mensagem falarei sobre esta casa, pois pretendo centrar esta sobre as minhas impressões sobre o Liceu e algumas professoras,particularmente sobre a então Vice-Reitora Drª Armanda Bastos, minha professora de Inglês no antigo 3ºano e de Alemão no 6º e no 7ºano da área de Letras.E o mais curioso de tudo é que há tempos ao ler uma entrevista feita à Drª Maria Cavaco Silva, soube que ela andara no Maria Amália e tenho quase a certeza, pela descrição e elogios que ela fez à sua professora de Inglês que foi aluna também desta extraordinária professora.
Recentemente verifiquei que ela é um ano mais velha que eu, o que coincide com a prática desta professora - um ano começava com os alunos o Inglês, no outro com o Alemão.Assim eu no 6º tive-a em Alemão e a DrªMaria Cavaco Silva que nessa altura estaria no 7º teve-a em Inglês.Infelizmente para mim depois de a ter na Turma A no 3ºano em Inglês, por qualquer razão que desconheço passei a ter outra no 4º e no 5º que era péssima, não de feitio mas na competência.Valeu-me ter tido Inglês desde os 4 anos pois dispensei no Exame Final com 16 valores. A propósito , no meu tempo as professoras eram Srª Donas e não Drªfulana de tal ou "Sotôras" como hoje.
Já no seu tempo destacava-se das outras professoras-vestia roupa justa e vistosa, pintava-se e deixava um rasto inconfundível pelos corredores a perfume de marca, mais flagrante quando a Reitora era o oposto, parecendo mais velha do que era, fatos compridos, antiquados e sem gosto, cabelo grisalho,católica "muito praticante".Só os filhos dela entravam no Liceu, mas eram tão devotos como ela.
A.D.Armanda jogava limpo-avisou-nos logo de início que a tarefa até ao fim do 7ºano e admissão à Faculdade de Letras era árdua, melhor muito árdua e que ela ia agir em conformidade.
Ao contrário do Inglês, nunca tinhamos tido alemão no curriculum e teríamos que em 2 anos aprender uma língua muito difícil e estarmos preparadas para entrar num Curso "Filologia Germânica "em que as 2 línguas,inglês e alemão estariam em pé de igualdade e seriam "taken for granted " i.e. os assistentes iriam exigir conhecimentos mais avançados do que o programa do liceu.
Quem estivesse disposto a alinhar, óptimo senão não contassem com ela.
O alinhar foram 5 aulas por semana, em que escrevíamos no caderno o vocabulário e verbos usando transcrição fonética e utilisando canetas azuis e vermelhas.Uma vez por semana compilávamos um caderno de gramática inteiramente concebido por ela, nos mesmos termos .Tínhamos além disso provas escritas todas as semanas.
Ainda hoje guardo religiosamente esta dúzia de cadernos a azul e vermelho de tal modo formidáveis, que ao dar Cursos de Alemão na ULTI(Universidade de 3ªIdade) me servi dele e utilizei o seu método

Claro que na altura maldizíamos a nossa sorte, mas para avaliarem o que trabalhámos com esta professora fora de série, mesmo as que chumbaram , no exame final tiraram notas na ordem dos 13 valores e outras como eu dispensámos do exame de admissão à Faculdade(mínimo média de 16 valores).

Lá dentro,já no 1ºano, sempre marcámos a diferença, pelos conhecimentos que todas levávamos, ao contrário de outras alunas doutros Liceus, já que os assistentes eram alemães contratados e muito exigentes.A fama desta professora chegava pois até à Faculdade.
Mas nem todas eram como esta,razão porque nem do nome delas me lembro, excepto outras duas óptimas, a de Literatura Portuguesa-Drª Henriqueta Viana no 6º e 7º anos e a de Fisico-Químicas,Drª Aurora Januário, essa até ao 5ºano.Eu não era particularmente aplicada durante o ano, mas excedia-me nos exames dispensei a Ciências e consegui a mesma média em Letras, pelo que oscilei muito na altura sobre que área escolher.Optei por Letras(hoje Humanidades),mas gostaria de ter seguido Química ou Belas Artes.Foi a minha filha mais velha que seguiu Química sendo hoje professora doutorada na Faculdade de Ciências.As voltas que o mundo dá !
Lembro-me igualmente das professoras Maria de Lurdes Modesto de Culinária e a de Dança Rítmica Soso Dukas Schau ,grega casada com o meu professor de Alemão na Faculdade e amiga do meu pai.
Hoje o Liceu só tem os últimos anos, mas não deixo de pensar,atendendo que os filhos do Dr.Jorge Sampaio lá andaram,(ele tem a minha idade e era Presidente da RIA(Reu.InterAssociações) na altura em que eu estava em Letras e que a Drª Maria Cavaco Silva também andou lá e também ensinava na Católica , que estas Altas Individualidades deviam propor o descerramento no Liceu de uma lápide em homenagem a esta professora , certamente já falecida, que levou a sua missão de educadora ao seu expoente máximo.

Adeus tio Monteiro...

Partiu no dia 9 passado com 92 anos.Foi uma pessoa sempre presente em todos os bons e maus momentos da família.Foi um companheiro dedicado da minha tia e madrinha Fernanda de quem eu muito gostava,falecida há já alguns anos.Ajudou-nos muito em momentos difíceis.Que melhor maneira de lhe agradecer do que publicar aqui uma foto do seu Douro Natal tirada por mim na Páscoa.Nasceu no Douro superior, onde possuía propriedades e fabricava vinho do Porto que aprendemos a apreciar, mas veio trabalhar para Lisboa onde fez carreira ao lado do meu pai com vendedor-chefe das suas Firmas.
Mas todos os Setembros lá ia ele para Nagozelo do Douro junto a S.João da Pesqueira para fazer as vindimas.Este ano vão sentir a sua falta certamente, pois era muito estimado.E nós também !

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Quando o Verniz salta ...

Fui hoje com a minha mãe à "Loja do Cidadão" para que ela tirasse um novo Bilhete de Identidade.Demorámos 2 horas o que não foi muito, mas durante esse tempo tive a oportunidade de observar alguns factos que não me agradaram nada.
Nesta altura do campeonato os miúdos da antiga primária deslocam-se geralmente com as mães para tirarem o primeiro B.I.E havia bastantes ao pé de nós.
O que vi chocou-me um pouco, porque esperava a intervenção das mães junto dos filhos, no sentido de darem lugar sentado aos mais velhos nos quais acho que já me devo incluir.
As mães falavam animadamente ao TM enquanto os filhos à vontade ocupavam quase todas as cadeiras onde se esparralhavam à vontade, empurrando os vizinhos.
Tive que chamar a atenção para que dessem lugar à minha mãe, mas espanto, quem se levantou foi uma mãe que nada disse aos respectivos filhos.
Será que já não se usa a boa educação e o mínimo de exemplo cívico ?
Tenho a certeza que as minhas filhas em situação semelhante explicariam aos filhos o comportamento em sítios públicos, as cadeiras duma sala de espera não são camas e muito menos aparelhos de ginástica e como costumava dizer o C.espero que a A. e a L.ainda se lembrem- "se não tem nada que fazer, brinquem com os dedos dos pés!!!
A senhora do guiché que observou confidenciou-me que era a 5ª de 6 irmãos e que quando era criança o pai antes de saírem, lhes chamava a atenção para o comportamento e educação que deveriam ter em locais públicos e ela ainda é uma rapariga nova.
Desculpem que vos diga jovens mães que descuram estes aspectos, que os filhos são o espelho dos pais e que ao deixarem passar em branco, se calhar porque fazem o mesmo, só prejudicam os vossos filhos mais tarde, porque serão pais omissos dos vossos netos e estão a criar cidadãos que nos empregos por muitos estudos que tenham ,são uma nódoa, quando o verniz lhes salta...

sábado, 2 de agosto de 2008

Baú de Recordações - Carcavelos da minha Infância e Juventude...


Quem vê a Praia hoje e a acha grande, tem cerca de 1 Km de areal, não faz ideia do que o mar já "comeu" em 40 anos , na largura.Havia outro tanto da linha de barracas até à muralha, sendo um suplício ter de percorrer a areia quente quando se regressava a casa para almoçar. Como calculam as minhas lembranças são sobretudo a partir dos 10 anos embora eu já frequentasse esta praia desde 1940 como se pode ver por uma fotografia que publico aqui.
Parece estranho hoje que nessa altura se alugasse casa no Verão, na Linha de Cascais, geralmente por 3 meses.Os senhorios eram invariavelmente moradores de pequenas casas com anexos, que alugavam a sua e habitavam os anexos no Verão para conseguirem um rendimento extra.Tem que se ter em conta que na altura poucas famílias tinham carro e se o tinham ficavam em Lisboa com os maridos que não tinham esses tempo todo de férias.
Não me lembra de na altura as mães terem carta, esse hábito só veio muito mais tarde nos anos 60, para alguns e mesmo na Faculdade os automóveis rareavam.No meu caso tirei a carta aos 18 anos no ACP, mas dado que o meu marido guiava ,só quando me divorciei passei a conduzir.





















Era habitual arrendar-se todos os anos a mesma casa, ou pelo menos na mesma zona, pelo que todos os anos encontrávamos os mesmos amigos.Haviam os amigos de Lisboa da escola e os das férias de Carcavelos.Poucos desses amigos me acompanharam para além da adolescência e por curioso que pareça esses passaram comigo para a a zona da Ericeira onde a minha mais tarde mandou fazer uma moradia na Achada a 5km da Ericeira e de Mafra.É que eles habitavam todo o ano em Carcavelos mas a tia tinha casa também ao pé da da minha mãe na Achada.
Mas voltando a Carcavelos, nos primeiros anos de que me lembro, ainda não havia a Avenida que vem da Estação à Marginal, era um caminho retirado à Quinta dos Inglesinhos, onde funcionava o Colégio Inglês.Vinha-se a pé, e era uma distância considerável, ou mais tarde de "charrette" uma espécie de carroça puxada a cavalos e toda enfeitada no toldo.
Tal e qual como hoje, em que se vai de caro para tomar um simples café a 500 m !
Também não havia Bares ou restaurantes na Muralha, trazia-se a comida de casa para depois do banho, lembro-me duns apetitosos pães de leite em forma de bonecos que se comprava na padaria e mais tarde das célebres bolas de Berlim vendidas por mulheres em caixas de folha e das batatas fritas nos cestos.Havia ainda os vendedores de barquilhos uma espécie de cones de gelados fininhos em bolacha dentro duma caixa cilíndrica vermelha de folha com uma espécie de roleta em cima.Andava-se com ela à roda e assim nos calhava 5 ou 7 ou 8 ou mais pelo mesmo preço.Eu adorava e ainda adoro esse tipo de bolacha.O mais parecido são os canudinhos para gelado.A Praia tinha vários banheiros concessionários que guardavam os brinquedos e cadeiras de praia nos barracões e nos ensinavam a nadar no mar, que em Carcavelos é muito perigoso, por causa das ondas altas e correntes, já que na extremidade da Praia em S.Julião da Barra desagua o Rio Tejo.É a 1ª praia de mar da linha vindo de Lisboa.
Não havia luxos para as crianças, não se comiam tantas guloseimas, mas éramos felizes com esta vida simples.Não havia tantos obesos nas crianças, pois estávamos sempre em movimento-jogava-se ao Ring,à bola, ao Prego, conversava-se e tomava-se inúmeros banhos, à tarde em casa dormia-se uma pequena sesta e só depois tínhamos ordem de ir para o jardim a 2 passos de casa continuar os nossos jogos.Outra vezes jogava-se ping-pong nas mesa de casa de jantar ou jogava-se ao Monopólio. Mais tarde ,na adolescência esses jogos infantis foram substituídos pelos bailaricos em casa uns dos outros, o Cinema, as idas à Estação, literalmente para ver os comboios passarem e aproveitar para namoriscar um pouco mais à vontade.Tudo muito inocente e sobre o olhar vigilante das nossas mães.
A vida de Praia na Ericeira mais tarde para os meus filhos, afinal não foi assim tão diferente nas suas rotinas, até porque a minha mãe que ficava com eles no Verão ,eu só tinha 2 semanas de férias, sempre foi muito rigorosa com o seu comportamento.Muita rua, tínhamos um jardim /pinhal e pomar enormes, pouca televisão, refeições a horas, doces controlados.
Isto só para dizer que se passou do 8 ao 80.Da obediência cega, pois não nos passava sequer pela cabeça deixar de ir de férias com os pais e muito menos desaparecermos sem ordem caiu-se no extremo oposto.Os mais pequenos, exigem tudo e mais alguma coisa,gelados, bolos, gomas, brinquedos,consolas e computadores e são viciados em televisão, os mais velhos automóveis, noitadas, viagens a Paraísos Exóticos(nessa altura aguentam os pais), férias separados.
Não fui mãe perfeita, mas pelo que vejo com os meus netos, eles são equilibrados e alguma coisa passei aos meus filhos neste campo.
Decididamente no meio termo é que está a virtude !

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Chegaram...



Os meus netos que estavam no Algarve com a minha filha mais nova.

Mas encontraram a casa arrombada.Parece que não levaram nada de valor, mas não deixa de ser um problema.

E a minha mãe sempre cheia de medo dos ladrões!
Realmente mesmo a porta blindada como a da minha filha parece não ser problema para os ditos.

Bem vindos a Lisboa I. e L.e ao meu convívio.Estou cheia de saudades.