sábado, 25 de abril de 2009

25 de Abril...Sempre !





Sou uma das felizardas que viveu intensamente o 25 de Abril. Vou tentar lembrar-me como o vivi. Nessa altura tinha 35 anos e estava grávida da minha filha Ana.Trabalhava no ex-Banco de Angola como o pai delas na Rua do Comércio e naquela manhã como de habitual eu e o C. dirigimo-nos de carro para o trabalho. Mas não houve trabalho, os tanques e Chaimites do Exército dominavam a Baixa e havia-os estacionados mesmo ao pé do Banco, já que os Ministérios eram nossos vizinhos e fomos mandados regressar a casa.
O C. sempre foi muito situacionista, mais por ignorância política do que por convicção.
Pela minha parte , embora o meu avô materno tivesse participado na Fundação da República em 1910 e fosse perto das correntes socialistas da altura, eu desconhecia que o jornal "República" que ele lia com uma lupa(tinha cataratas) era da oposição e a minha cultura política era zero, mas a minha maneira de ser um pouco rebelde e o grande amor que sempre tive à Liberdade, qualquer uma, fez com que eu acolhesse com simpatia o que se estava a passar.
Em casa, seguia-se o desenrolar dos acontecimentos passo a passo e foi com emoção que escutámos a "Junta de Salvação Nacional" proclamar a queda do regime de Marcelo Caetano, que sendo um Professor Universário muito estimado no meio académico, não soube ou não teve força para se opor aos ultras do seu Partido Único.
A generalidade do povo português não tinha Partido a não ser os Comunistas que viviam na clandestinidade, mas no meio bancário havia se não uma consciência política pelo menos uma Sindical.Os Bancários desde sempre lutaram contra o espírito corporativo que lhes pretendiam impor e pelos direitos dos trabalhadores.
Demorei algum tempo a escolher o Partido mas em Janeiro de 1975, filiei-me no Partido Socialista aonde continuo até agora.
Se tenho tido algumas dúvidas? Sim, mas eu ligo mais às ideias que aos políticos e no PS nunca senti que houvesse falta de liberdade.Sempre houve pessoas nele, umas mais à direita,outras mais à esquerda e correntes de opinião diferentes e todos convivemos bem, salvo raras excepções, eu mesma nem sempre estou com a corrente dominante e nem sempre voto nela mas ao tempo do 25 de Abril toda a gente queria fazer qualquer coisa pelo país e pelas instituições. Eu mesma era dirigente de Secção e passava parte do meu tempo livre lá Essa Secção abrangia na altura os militantes jornalistas já que os Jornais eram quase todos no Bairro Alto.Faziam-se muitas reuniões em que participavam figuras importantes da cultura, da Economia. e da Banca.Havia vida na Secção -convivia-se velhos e novos ,passeava-se em conjunto, um pouco como actualmente os Clubes de Bairro.Era mesmo muito giro.
Paralelamente tinha-se actividade Sindical nos Locais de Trabalho e começou-se a zelar pelos direitos dos trabalhadores.No meu caso pertencendo ao Sindicato dos Bancários um pioneiro nessa lutas,cedo comecei a enveredar por essa área, como Delegada Sindical e durante 2 anos na Comissão de Trabalhadores do Banco de Angola e posteriormente na da União de Bancos Portugueses quando da fusão.
O que aprendi? Muito a todos os níveis.Os jovens tem tendência a menosprezar esse trabalho e até mesmo membros da Administração perguntavam-me porquê eu com uma Licenciatura.
Costumava responder que eu estava onde a Empresa mais precisava de mim e numa altura de fusão em que 3 Bancos se juntam num novo, o factor humano tem de ser respeitado, quando há 3 pessoas para cada cargo(3 Bancos) e excesso de pessoal.
Aliás nessa altura não era a única licenciada, havia-os em Direito e Economia comigo na Comissão.
Aprendi também a expor ideias em voz alta a uma Administração, a trabalhar em equipa,com pessoas doutros partidos e a relativizar as coisas, o que foi muito importante para mim na minha vida pessoal.

Mas voltando ao 25 de Abril, lembra-me da Ana na Secção a gatinhar de fralda no quintal da moradia, da colagem dos cartazes feita pela minha filha mais velha com o António Costa um miúdo 3 anos mais novo do que ela.

Lembro-me dos ataques com gás lacrimogénio ao Jornal "República "em que apareceram os jovens da JS todos a chorar na Secção, dos ataques às bandeiras fora dos carros por militantes da extrema-esquerda, lembra-me do célebre discurso do Pinheiro de Azevedo em pleno Terreiro do Paço e do ataque do Copcon aos manifestantes e à minha fuga para o Chiado com filhas e sobrinhas adolescentes.Do primeiro 1º de Maio falarei noutro post.Lembro-me dum Comício do PS no Coliseu em que cantava a Lena d'Água e do desaparecimento da minha filha Ana com os seus 6 anos e como eu e o pai a encontrámos muito descansada a falar com a cantora nos bastidores já que era uma grande fã dela e do Mário Soares no Comício da Alameda,lembro-me 3 anos mais tarde do Congresso da Internacional Socialista no Hotel Ritz, realizado à porta fechada, em que conheci pessoalmente políticos como o Willy Brandt,o Olaf Palme, o Felipe Gonzalez e Bettino Craxi para quem servi de intérprete, estava nessa altura grávida da minha filha mais nova.
Lembro-me duma época em que na casa dos 30 anos ainda pensava que ía mudar o Mundo.
Hoje ainda não desisti, mas tenho muitas dúvidas e preguiça de me envolver outra vez na política.
Mas que foi lindo, foi, e que deixou saudades, muitas.

sábado, 18 de abril de 2009

O meu menino lindo fez 3 anos...





No passado dia 10 de Abril,Sexta-Feira Santa.Já não é um bebé, mas um rapazinho, muito bem educado e muito esperto.
O que mais admiro nele é a capacidade de tirar conclusões relacionando os factos com experiências anteriores ou ensinamentos dados como resposta à sua curiosidade.Sempre foi uma criança muito atenta à natureza desde muito bebé, amando as árvores, as plantas, as água e a sua lua que sempre foi motivo do seu principal interesse.Daí este ano ter tido um bolo de aniversário com o céu, a lua e as estrelas.
Fico contente quando acerto nas prendas de anos e sei que gostou muito das minhas, principalmente dum pequeno livro ilustrado da música do Caetano Veloso "Gosto muito de ti Leãozinho".Calculei que gostando ele de cantarolar e sendo muito afinado, não resistiria a esta música tão simples mas tão bonita..Também lhe comprei um livro do "Ruca" de que é fã agora, tendo deixado o Pocoyo de lado, o que se compreende já que o Ruca é um menino da sua idade mais ou menos, onde ele se revê certamente.
Como era Páscoa ,comprei para os 3 netos mais novos, chupa-chupas de chocolate ,coelhos e pintainhos, que me pareceram mais originais que os ovos.
Sou mesmo uma avó babada por estes meus netos cujo crescimento tenho sempre acompanhado de muito perto e vejo que todos me retribuem o afecto que tenho por eles.
No caso do Lou, eu sou da casa, está à vontade comigo, gosto que eu brinque com ele e faz-me muitas ternurinhas nos entretantos.
O tempo não ajudou,pois estava de chuva o que não permitiu a ida ao Zoo, como estava previsto, mas a Festinha em casa combinada à última hora estava óptima, com comida apropriada aos jovens, como é apanágio da minha filha mais nova.
Obrigada por um dia muito bem passado e tudo de bom para o meu menino querido e seus pais.


segunda-feira, 6 de abril de 2009

"My Upside down Life"







Acabei de perder um post por causa da importação de uma foto e por qualquer razão nem no rascunho ficou,assim haja paciência e recomecemos.
Há muito que não escrevo no blogue, porque tenho estado ocupada com outras coisas.O Título não é dum filme mas eu como acho que a minha vida está actualmente - de pernas para o ar.
Tenho feito do dia noite e da noite dia e dei por mim a pensar porquê. Sempre gostei mais de trabalhar à noite do que de dia, mas devido ao meu horário de traba
lho no Banco das 8h30m às 18 h levei 30 anos de resignação, pois nunca dormia o que precisava,por me deitar sempre tarde.
A reforma veio obviar a essa situação passei a não ter horários e a ir dormir por volta das 2 h da noite. Simplesmente nos últimos 2 meses passei a estar no computador até as 7 h da manhã e dormir até às 15,16 h da tarde.
Hoje fui acordada por duras críticas de que não fazia nada de útil e passava o tempo deitada no sofá a ver TV.
Tenho pensado todo o dia na veracidade ou não de tais palavras e sobre o que são coisas úteis na vida de cada um, sabendo que as respostas podem ser as mais variadas.
E engraçado a primeira coisa em que pensei depois da crítica foi que ouvira iguais palavras da mesma pessoa quando era adolescente.
O cumprimento do horário de manhã e de tarde do Liceu onde andava não chegava, o resto do tempo tinha de ser preenchido com coisas úteis, tais como inglês e francês,piano e solfejo, bordados e pintura. A Leitura que eu fazia da mesma maneira que agora, estendida no sofá grande era durante as tardes livres bem como os discos(muitos)
que eu partilhava com as minhas colegas do liceu às escondidas,porque o acesso a casa era limitado.
Eram essas coisas úteis reconheço mas onde ficava o tempo para o lazer? Aos Domingos no cinema com a minha tia e madrinha.

Desde que me reformei já fiz muita coisa,porque quis - dei aulas de inglês e alemão gratuitas na Universidade de Terceira Idade,recebi aulas de pintura em porcelana durante 9 anos no Sindicato,aprendi a bordar tapetes de Arraiolos lá também e tenho acompanhado os meus netos mais novos e praticado Hidroginástica 2 vezes por semana.
Durante esse tempo de aprendizagem fiz mais de cem peças em porcelana,uns 40 quadros em óleo, em acrílico e dezena de tapetes grandes de Arraiolos para a casa.Esta casa está praticamente decorada só com trabalhos meus,de todos os géneros,de azulejos a pratos em porcelana, quadros ,estanho,madeira,tapetes, quadros e almofadas bordadas em "petit point" e arranjos florais.
Representam muitas horas de trabalho.Na minha anterior casa até portas deco
rei para esconder a sua decadência.Só que não se pode estar sempre a fazer trabalhos ,quando não há mercado para as vender e a casa é pequena.
Reconheço que dedico pouco tempo aos trabalhos domésticos, mas eles também não abundam e que saio muito mais para fazer compras necessárias do que para passear.
Para as pessoas que não utilizam e frequentam a Net é difícil avaliar o trabalho que se faz no computador.
Desde criança que adoro cinema e recordo que gastava parte da mesada em revistas de cinema.Não é de estranhar que gostando de coleccionar, eu tenho guardado vários objectos e neste caso concreto filmes, 1º em VHS e actualmente em DVD.
Desde a altura em que apareceram os gravadores há cc de 20 anos que comecei a minha colecção de filmes que actualmente atinge
mais de 1800 DVDs.
Para a controlar comprei há uns 5 anos um programa informático holandês chamado Collectorz (Movie Collector)e desde aí tenho dedicado muito do meu tempo a preencher o ficheiro embora a maior parte já venha pronto através de Busca na Net.
Entre 2004 e agora os elementos dos filmes vem cada vez mais completos e é preciso voltar a verificar cada uma das fichas,uma por uma para preencher os elementos em falta.
Com a mudança de casa descuidei-me um pouco com a arrumação presencial dos filmes e tive que imprimir há dias a totalidade dos ficheiros para poder comparar o registo informático com a existência real.
São pois essas tarefas que me tem mantido ocupada pela noite fora-a conferência dos registos informáticos para posterior mexida nas estantes onde os DVDs estão arrumados.Até agora só arrumei em definitivo o Ficheiro de DVDs infantis e juvenis que estou a fazer para os meus netos.
Para mim é uma actividade útil, não o será para outros, admito, mas daí a ser criticada por a ter escolhido não me parece correcto.