Esta madrugada faleceu com 71 anos o A.J, meu primeiro marido.Para quem segue a religião católica, o que não é o meu caso, só nesse momento se dissolveram os laços que nos uniram em matrimónio no longínquo Domingo de Páscoa, 21 de Abril de 1957 na Igreja de S.Mamede em Lisboa.
Quem é que aos 17 anos quando o conheci ou 18 quando casei com ele, não sonha que será para toda a vida, ainda mais sendo ele o 1º namorado?
Em princípio tinha tudo para dar certo,ele já não tinha pais e foi acolhido pelos meus de coração aberto, estudávamos os dois na Universidade "Clássica" de Lisboa, ele na Faculdade de Medicina no Hospital de Santa Maria eu na de Letras, na altura no velho Convento de Jesus e no 3º ano na actual localização na Cidade Universitária. Debaixo das asas da minha mãe ,financeiramente ajudados pelos meus pais e uma pequena herança da parte dele, só tínhamos que estudar e dar largas ao nosso amor.Mesmo quando nasceu a nossa primeira filha tinha eu 19 anos e estava no 2ºAno, até mesmo a segunda nascida 3 anos depois, a nossa vida pouco mudou.
As nossa desavenças começaram depois, já vivendo sózinhos, dado que eu tinha um grande sentido das responsabilidades e ele não. O casamento em idade tão precoce e a paternidade de 4 filhos não obstaram a que continuasse a vida despreocupada de estudante.
E depois a enorme diferença de feitios e de posicionamento perante a vida começou a acentuar-se cada vez mais.
Educada de modo severo, habituada a obedecer sem contestar, havia em mim uma necessidade de liberdade de espírito que era imediatamente cerceada pelo seu feitio dogmático e enviesado.
Afinal eu tivera uma educação vastíssima e ao meu espírito curioso fora permitido, por força da disponibilidade financeira e vanguardista do meu pai, expressar-me na música, nas artes, nas variadas línguas desde a mais tenra infância.
Como poderia eu não me sentir frustada com um marido que desdenhava as minhas opiniões em público, com manifesto mau-estar dos nossos amigos.
A revolta foi grassando em mim e minando o meu amor por ele, que ao invés de me compreender começou a usar da força para me submeter.Mesmo não havendo divórcio na altura,simples separação fui para a frente e não hesitei e ainda hoje não estou arrependida.
O meu 2º marido está longe de ter sido um santo, fez-me sofrer bastante com o seu feitio mulherengo, mas nunca, jamais, duvidou do meu valor como Mulher, antes pelo contrário, deixava-me envergonhada quando perante terceiros se punha a gabar os meus conhecimentos e a minha pessoa.
Tudo o que o A.J. me fez de mal até poderia estar esquecido,afinal já há 40 anos que nos separámos e não me afectou e até compreendi que ele tivesse casado logo a seguir ao nosso divórcio com outra senhora, mais conforme ao seu feitio.
Mas se a mim não me deu o devido valor aos nossos 4 filhos ainda menos.
Não tendo filhos da actual mulher, seria de esperar que mimasse os nossos filhos e netas, mas não.
Ganhando bem como médico seria de esperar que os ajudasse financeiramente nos estudos, e não regateasse os extras da sua educação,mas nesses aspecto nunca me ajudou.
Recusando liminarmente alterar os seus tempos livres em prol de programas com os filhas nos fins de semana decretados pelo Tribunal acabou por as afastar dele por desinteresse manifesto.
Em relação ao meu filho, previlegiando-o por ser rapaz e estar a viver com ele, afastou-o de mim contrariando as ordens do Tribunal.
Gostaria num dia como este , que o Balanço da sua vida tivesse sido mais positivo mas continuo sem compreender a razão porque alguém com um Curso de Medicina consegue ser tão vazio de afectos e centrado sobre si mesmo , ao ponto de mesmo sabendo que tinha uma doença gravíssima não ter tentado restabelecer os laços com as filhas sendo elas estudantes e hoje profissionais de alto gabarito, com procedimentos sociais impecáveis,óptimas filhas e mães, na vil tristeza de qualquer tentativa de contacto ser considerada com segundas intenções.
Mal daquele que ao longo da sua Vida não tenta ser uma pessoa melhor e corrigir os seus erros.
Cinquenta anos, idade da nossa filha mais velha teriam chegado e sobejado para mudar de rumo.
Só tenho que lamentá-lo pelo desperdício duma vida que tanto prometia e que o rancor para comigo se tenha canalizado nas nossas filhas que inocentes neste caso cresceram sem pai, como se fossem orfãs ~.
Pela minha parte não te guardo rancor.Repousa em Paz, são os meus votos.
Quem é que aos 17 anos quando o conheci ou 18 quando casei com ele, não sonha que será para toda a vida, ainda mais sendo ele o 1º namorado?
Em princípio tinha tudo para dar certo,ele já não tinha pais e foi acolhido pelos meus de coração aberto, estudávamos os dois na Universidade "Clássica" de Lisboa, ele na Faculdade de Medicina no Hospital de Santa Maria eu na de Letras, na altura no velho Convento de Jesus e no 3º ano na actual localização na Cidade Universitária. Debaixo das asas da minha mãe ,financeiramente ajudados pelos meus pais e uma pequena herança da parte dele, só tínhamos que estudar e dar largas ao nosso amor.Mesmo quando nasceu a nossa primeira filha tinha eu 19 anos e estava no 2ºAno, até mesmo a segunda nascida 3 anos depois, a nossa vida pouco mudou.
As nossa desavenças começaram depois, já vivendo sózinhos, dado que eu tinha um grande sentido das responsabilidades e ele não. O casamento em idade tão precoce e a paternidade de 4 filhos não obstaram a que continuasse a vida despreocupada de estudante.
E depois a enorme diferença de feitios e de posicionamento perante a vida começou a acentuar-se cada vez mais.
Educada de modo severo, habituada a obedecer sem contestar, havia em mim uma necessidade de liberdade de espírito que era imediatamente cerceada pelo seu feitio dogmático e enviesado.
Afinal eu tivera uma educação vastíssima e ao meu espírito curioso fora permitido, por força da disponibilidade financeira e vanguardista do meu pai, expressar-me na música, nas artes, nas variadas línguas desde a mais tenra infância.
Como poderia eu não me sentir frustada com um marido que desdenhava as minhas opiniões em público, com manifesto mau-estar dos nossos amigos.
A revolta foi grassando em mim e minando o meu amor por ele, que ao invés de me compreender começou a usar da força para me submeter.Mesmo não havendo divórcio na altura,simples separação fui para a frente e não hesitei e ainda hoje não estou arrependida.
O meu 2º marido está longe de ter sido um santo, fez-me sofrer bastante com o seu feitio mulherengo, mas nunca, jamais, duvidou do meu valor como Mulher, antes pelo contrário, deixava-me envergonhada quando perante terceiros se punha a gabar os meus conhecimentos e a minha pessoa.
Tudo o que o A.J. me fez de mal até poderia estar esquecido,afinal já há 40 anos que nos separámos e não me afectou e até compreendi que ele tivesse casado logo a seguir ao nosso divórcio com outra senhora, mais conforme ao seu feitio.
Mas se a mim não me deu o devido valor aos nossos 4 filhos ainda menos.
Não tendo filhos da actual mulher, seria de esperar que mimasse os nossos filhos e netas, mas não.
Ganhando bem como médico seria de esperar que os ajudasse financeiramente nos estudos, e não regateasse os extras da sua educação,mas nesses aspecto nunca me ajudou.
Recusando liminarmente alterar os seus tempos livres em prol de programas com os filhas nos fins de semana decretados pelo Tribunal acabou por as afastar dele por desinteresse manifesto.
Em relação ao meu filho, previlegiando-o por ser rapaz e estar a viver com ele, afastou-o de mim contrariando as ordens do Tribunal.
Gostaria num dia como este , que o Balanço da sua vida tivesse sido mais positivo mas continuo sem compreender a razão porque alguém com um Curso de Medicina consegue ser tão vazio de afectos e centrado sobre si mesmo , ao ponto de mesmo sabendo que tinha uma doença gravíssima não ter tentado restabelecer os laços com as filhas sendo elas estudantes e hoje profissionais de alto gabarito, com procedimentos sociais impecáveis,óptimas filhas e mães, na vil tristeza de qualquer tentativa de contacto ser considerada com segundas intenções.
Mal daquele que ao longo da sua Vida não tenta ser uma pessoa melhor e corrigir os seus erros.
Cinquenta anos, idade da nossa filha mais velha teriam chegado e sobejado para mudar de rumo.
Só tenho que lamentá-lo pelo desperdício duma vida que tanto prometia e que o rancor para comigo se tenha canalizado nas nossas filhas que inocentes neste caso cresceram sem pai, como se fossem orfãs ~.
Pela minha parte não te guardo rancor.Repousa em Paz, são os meus votos.