segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

"Sweet Seventy" - Impressões de um Aniversário especial


Completei 70 anos no passado dia 21, Sábado de Carnaval.
Nasci numa Terça de Carnaval mas nem por isso gosto desta época, talvez porque nunca gostei de dar nas vistas, o que não quer dizer que nunca me tenha mascarado.Para além das habituais máscaras de criança, vesti-me de minhota, com um belo fato verde a preceito num baile do Casino de Estoril e de Cleópatra num chamado "Assalto" na casa duns amigos, tudo isto nos meus 20 e tal anos.
A Festa do meu aniversário foi em casa da minha filha mais nova e juntei 4 filhas mais a 5ª através da Net a partir da Alemanha.O meu filho como habitual nem sequer se lembrou da data.
Dos 7 netos estiveram os 3 das filhas mais novas, a minha mãe,os meus genros e a avó e bisavós do meu neto mais novo.
Vi que se esmeraram por ter petiscos e bolos do meu agrado, especial mente a mais nova que cedeu a casa, mas tenho que confessar que saí de lá algo triste e preocupada.
Apercebi-me finalmente do falado "generation gap".Se por um lado fiquei feliz por ver a harmonia e amizade profunda entre as minhas filhas, verifiquei que a tendência é deixarem-me de fora das conversas intelectuais como eu já não estivesse ao nível delas - o que não será o caso.E é tanto mais injusto porque com diz a minha neta mais velha eu fujo ao figurino das mulheres da minha idade.
Não por snobismo mas por interesses completamente diversos, já que eu gosto da Net, cinema ,artes e movimento-me bem nas novas tecnologias sinto-me como peixe fora de água com pessoas da minha faixa etária e mesmo um pouco mais novas.
Eu sei que o problema é meu e não dos outros, mas a verdade é que esta minha singularidade de gostos me levou a preferir desde muito jovem a solidão e me entreter com os meus hobbies.
É -me pois muito difícil de aceitar que filhas minhas, que eu julgaria capazes de me aceitar como sou, façam juízos negativos das minhas actividades - género -os teus hobbies de pintura, de coleccionismo( no caso presente filmes e documentários em DVD) são desnecessários, não apreciamos(querendo dizer-quando morreres vai tudo para o lixo), como eu os fizesse para o "Enxoval" delas e não me fosse permitido realizar-me com elas.
Claro que há excepções que equilibram a balança, sempre essa minha filha perfeita no feitio, equilíbrio, bondade, essa sempre se mostrou agradada com a mãe que tem, e felizmente passou esse equilíbrio à sua filha, minha neta ,com quem tenho uma relação de admiração mútua, para não falar nos meus netos mais pequenos.
Creio que a ponte está aí, pois tem orgulho de terem uma avó diferente e dão-me muito afecto.
Não sou pessoa de me dar por vencida e por isso tenho esperança de um melhor entendimento e que as que me tratam como "idosa" ponham a mão na consciência e se recordem como chegaram à enorme cultura geral que todas tem.Não havia net nem Google mas tinham sempre resposta para as suas dúvidas e raramente precisavam de ir à Biblioteca.Faço o mesmo agora aos netos, não desarmo com os porquês do Lou.Eu mesma tive muitos respondidos pelo meu pai.
Sei o que é movimentar-nos durante anos em ambientes intelectuais e os perigos de arrogância perante os que sabem menos.O que para nós é canja" não o é necessariamente para os outros.Atenção queridas S. e L.baixem à terra, vocês foram bafejadas com inteligência,background,instrução, mas a S.também, só que ela levou muito mais pancada da vida do que vocês e ganhou essa sabedoria de vida que a caracteriza.

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