segunda-feira, 17 de novembro de 2008

O Menino de Cabul

Com o problema da falta de computador perdi muito da frescura de impressões sobre o livro e filme com este título, em inglês "The Kite Runner",pois por coincidência há mês e meio que ao sentar-me para opinar sobre os dois o computador não arrancou e resolvi não o mandar arranjar.
Quem me chamou a atenção para eles foi a minha filha da Alemanha que o vira no cinema e lera o livro.
Resolvi aproveitar uma promoção de lançamento dos dois-filme e livro e confesso que a primeira impressão -vi primeiro o filme, foi excelente.Ainda mais a confirmei ao ler o livro que é 95%igual ao filme.Filmes sobre amizades infantis são comuns mas este é passado no Afeganistão e é biográfico.
Imaginem que tinha a ideia feita que o Afeganistão era apenas a terra das Bhurkas e dos Mujaheddins , da invasão dos russos, e posteriormente da tomada do poder por fanáticos religiosos e claro da actual Guerra com os Americanos e outros.
Mas a conclusão que se tira à medida que se lê é que a humanidade não tem raça tem os mesmos sentimentos onde quer que esteja a viver e este livro é um pungente libelo contra as guerras, o racismo, os tabus e a crueldade do amor-feroz mas redentor.Ambos transformam a vida de Amir , o menino de Cabul, o campeão de lançamento de papagaios de papel, desporto nacional no país.
Amir, nos tempos da monarquia é um privilegiado, tem pai rico e culto ocidentalizado e perdeu a mãe à nascença uma jovem professora universitária.Em casa dele vive Ali e o seu "filho" Hassan da etnia" Hazara",descendente dos mongois e xiita enquanto ele é "Pachtun" e sunita.
Mas o pai de Amir não ligava a nenhuma religião e por isso lá em casa embora fossem criados e Hassan não fosse à escola eram companheiros de brincadeiras como os pais de ambos o tinham sido.Mas para mal dos pecados de Baba(Pai ) Amir era a antítese do pai, gostava de livros e de escrever contos e detestava armas e brincadeiras violentas e algo cobarde ao contrário do amigo Hassan que não tinha medo de nada e lançava a fisga como um mestre.
O Baba disse um dia ao filho algo que o marcou para toda a vida:
"Quando alguém mata um homem, rouba uma vida, rouba à mulher dele um marido, um pai aos seus filhos.Quando dizemos uma mentira, roubamos o direito à honestidade.Não há nada mais abjecto de que o roubo.

A classe alta em Cabul vivia em moradias ricamente decoradas os miúdos iam a Colégios Particulares, tinham bicicletas de marca e frequentavam o cinema no Irão e imagine-se os dois garotos já tinham visto 13 vezes!!!"Os Sete Magníficos" e julgavam que os actores americanos falavam parse e eram iranianos, imitando- os ,brincando aos cowboys
.
A cobardia de Amir ao deixar que o seu amigo Hassan fosse violado por um colega da escola dele que era um rufia ,embora filho de uma alemã e de um afgão rico ocasionou que ele se afastasse do amigo com medo que o pai soubesse da sua atitude e levou -o a acusar Hassan falsamente de roubo de um relógio que ele esondera debaixo do colchão do amigo.Embora Baba perdoasse Hassan o pai Ali resolveu deixar a casa dos patrões.
A invasão dos russos ocasionou a fuga dos mais abastados para longe tendo Amir ido parar aos E.U.A a Fremont onde havia uma grande colónia afgã.Baba foi trabalhar numa bomba de gasolina e Amir prosseguiu os seus estudos até à Universidade onde cursou o que gostava escrita criativa.
Encontrou uma compatriota mais tarde com quem casou, mas não teve filhos.Baba morre de tuberculose.
Em 2001 Amir voltou ao Paquistão a pedido do melhor amigo do pai que estava a morrer e aqui começa a 2ª Odisseia da sua vida.
Sabe que Hassan e a mulher morreram mas deixaram um filho abandonado no Afeganistão e que Hassan era seu meio irmão já que Ali era estéril e a mulher tivera pelos vistos uma aventura com o pai dele.

Nunca o remorso pelo que fizera o tinha deixado em paz, e depois de muito instado por Rahim Khan resolve voltar a Cabul à procura do rapazinho.Cabul que estava nas mãos dos talibãs.
Mascarado com uma longa barba tenta os orfanatos onde vem a saber que o menino como outros fora levado pelos talibãs para sua mascote sexual.Ao encontrar o chefe, Assef reconhece o companheiro de escola que violara Hassan.
Assef tenta matar Amir mas o menino pega na fisga em que o pai fora campeão e acerta-lhe num olho.
Segue-se uma longa estadia no Hospital e a promessa ao menino de o levar para a América, mas a dificuldade burocrática acaba por ocasionar uma tentativa de suicídio por parte do filho de Hassan e o regredir nas marcas psicológicas profundas causadas no menino.
Finalmente trá-lo para os E.U.A e tenta reconquistá-lo lançando um papagaio como fizera no passado com o meio-irmão.E foi a primeira vez que Sohrab reagiu ajudando o tio a esticar o cordel encerado...

Claro que o livro é muito mais profundo que este breve resumo, mas chega para comentar o que já se imaginava.À conta das religiões, cristã ou muçulmana praticam-se barbaridades e a história

do rigor no caso dos talibãs é bom para os outros.Em público atemorizam os crentes, em privado bebem,fornicam com jovens,vivem no luxo.No fundo são amorais e gananciosos.Conta-se que na Arábia e nos Emiratos as mulheres ricas andam de véu na rua ,mas tem boites nas caves das casas dos ricos onde andam à vontade e comportam-se como no Ocidente.
Se Alá viesse cá baixo, como Jesus, fugiam a sete pés...É a natureza humana , e como se vê há bons e maus em todos os credos, povos e géneros.
Como é que o Hitler convenceu os alemães acerca da pureza racial ariana quando os semitas vem do mesmo ramo que eles-os indo-europeus como se prova na evolução das línguas, é uma coisa que me continua a intrigar, por mais abordagens que veja em filmes e documentários.


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